sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Por que o iPad pode dominar o mundo da computação

Divulgação
Há dois caminhos possíveis para a divisão de tablets da Apple Inc.: o chamado Cenário Maravilhoso e o Cenário Super-Extra-Maravilhoso-Com-Chantilly.

No primeiro, a linha de iPads da Apple continua a ganhar muito mais dinheiro do que os tablets rivais e provavelmente continua a ser a mais vendida da categoria. Mas, com a concorrência cada vez mais acirrada de dispositivos de baixo preço, o iPad pode lentamente entregar seu domínio e acabar escorregando para talvez 25% ou menos do mercado de tablets. Isso não seria desastroso para a Apple. Neste cenário, o iPad estaria no mesmo lugar que seu irmão mais velho, o iPhone, com os ganhos espetaculares de uma participação de mercado regular. Em outras palavras, incrível.

No segundo cenário, o iPad vira a mesa. Como fez a divisão de iPods, os tablets da Apple manteriam uma liderança imbatível de longo prazo tanto em lucros como em participação de mercado. É claro que você vai ver um monte de rivais disputando o segundo lugar, mas esse será um espetáculo à parte. Para a indústria de PCs, este cenário é um pesadelo.

Se você acredita que os tablets estão se tornando o principal aparelho de computação do nosso tempo, tanto em casa como no trabalho, então o domínio de mercado da Apple estabeleceria uma rentabilidade colossal e estável. O iPad tornaria a Apple o equivalente de uma combinação da Microsoft Inc., Intel Inc. e Dell Inc. no negócio de computadores do futuro.

Na terça-feira, a Apple lançou uma série de novos iPads. Qual dos dois caminhos é o mais provável, se considerarmos os novos modelos?

Vou violar tudo que aprendi nas aulas que tive na Pundit University e fazer uma previsão firme: acho que os novos iPads da Apple vão ajudar a levá-la para o segundo cenário, o super-extra-com-chantilly. Com o iPad, a Apple está entrando com força total — e é provável que vença.

Eu sei que você está cético. A participação de mercado do iPad está caindo ultimamente e, no terceiro trimestre, a Apple registrou a primeira queda em vendas comparadas com o mesmo período do ano anterior. No início desta semana, defendi que a divisão da Motorola, do Google Inc., era uma tentativa de longo prazo para acabar com os lucros da Apple com smartphones.

Agora, depois de anos lançando produtos considerados ruins, o Google e outros concorrentes também estão fazendo tablets bons e baratos — então será que o iPad não é tão vulnerável quanto o iPhone?

Mas na coletiva de imprensa da Apple na terça-feira, o diretor-presidente Tim Cook falou sobre dois números que devem dar dor de cabeça aos rivais.

O primeiro número é US$ 299. Esse é o novo preço do iPad mini nos Estados Unidos, US$ 40 a menos do que o mesmo modelo vendido no ano passado e o menor preço já cobrado por um iPad. Assim como na divisão de reprodutores de música, a Apple não pretende vender o produto mais barato do mercado. Mas ao oferecer bastante diversidade de preço na sua linha e adicionar um número suficiente de recursos novos anualmente, ela vai continuar a ampliar sua acessibilidade, enquanto continua a gerar lucro.

Lembre-se que com os aparelhos de música digital essa estratégia funcionou perfeitamente: uma década após seu lançamento, o iPod ainda domina 78% do mercado. Estou apostando que a história se repitirá com os tablets. Quando você considera o software de produtividade gratuito que a Apple está adicionando a todos os iPads, seus preços são baixos o suficiente para dar ao tablet uma vantagem sobre seus rivais mais baratos.

O segundo número de Tim Cook é: 64%. Essa é a parcela de aparelhos da Apple que está usando o iOS 7 — a mudança mais radical de seu sistema operacional móvel desde que o iPhone chegou ao mercado, em 2007 — apenas algumas semanas depois de seu lançamento. A rápida adesão ressalta uma das principais vantagens do iPad: trata-se de uma plataforma unificada, enquanto os outros tablets estão sozinhos.

É verdade que alguns tablets rivais oferecem melhores especificações e preços mais baixos — o Nexus 7, do Google, custa US$ 229 nos EUA, é fino, leve, rápido e tem uma tela fantasticamente nítida —, mas todos sofrem com problema fatal que limita seu apelo. Os rivais da Apple não possuem muitos aplicativos otimizados para tablets. Enquanto isso, o iPad conseguiu atrair mais de 400.000 aplicativos que são projetados para o tamanho de sua tela.

Há uma razão muito simples: quando os programadores desenvolvem aplicativos para o iPad, eles funcionam em todos os modelos, do iPad que custa US$ 299 nos EUA aos que custam mais do que US$ 800.

Os rivais da Apple não podem reivindicar nenhuma semelhança a esse tipo de uniformidade de modelos. O sistema operacional do Android, do Google, é perigosamente fragmentado. Os tablets de fabricantes diferentes e em tamanhos diferentes executam versões diferentes do Android, inclusive a versão completamente reformulada do Kindle Fire, da Amazon.com. Isso aumenta o tempo e o custo para desenvolver aplicativos para o sistema, o que torna o Android um problema para implantações empresariais de grande escala.

Os céticos podem dizer que a fragmentação atinge também os smartphones do Android e, mesmo assim, o sistema operacional do Google conseguiu superar a fatia de mercado do iPhone. Mas os tablets são diferentes. As pessoas encaram os tablets mais como PCs do que como telefones — eles servem para tarefas simples de computação e, por causa disso, são muito mais dependentes de uma grande biblioteca de apps.

Um telefone sem aplicativos ainda é mais ou menos útil. Você ainda pode fazer ligações e enviar mensagens. Mas um tablet sem aplicativos decentes o suficiente? É decididamente um aparelho de segunda linha: você vai perder os jogos mais novos, os aplicativos sociais mais recentes, tudo o que é novidade. Lembre-se que o Twitter Inc. só lançou um aplicativo para tablets Android este mês, mas o aplicativo para o iPad existe há muito tempo.

E aqui está a pegadinha que ilustra todo o problema de participação de mercado do Android: por enquanto, o app do Twitter está disponível apenas em tablets Samsung Electronics Inc. Se você tem o Nexus 7 ou qualquer outro tablet do Android, você terá que lidar com a versão deturpada do aplicativo do Twitter para o smartphone.

A uniformidade do iPad é especialmente importante para sua aplicação no ambiente de negócios. A Apple está posicionando o tablet como substituto para computadores numa variedade de tarefas comerciais — nos balcões de atendimento ao cliente, nas recepções de restaurantes, em bancos, escolas, cabines de avião, praticamente em todos os lugares que alguém precisaria de um computador, mas não quer lidar com um PC. Nessas implementações de grande escala, a plataforma de desenvolvimento única e confiável do iPad é fundamental para a manter baixos os custos de manutenção e desenvolvimento.

Esta vantagem é reforçada por ela mesma: quanto mais as pessoas compram o iPad, mais programadores são atraídos, fortalecendo a plataforma e conquistando mais usuários. Em termos econômicos, essa dinâmica, na qual o aumento de vendas melhora o produto, elevando ainda mais as vendas, é conhecida como efeito de rede.

Você também pode chamá-la de o segredo do sucesso do Windows, que agora está alimentando a hegemonia da Apple pós-PC.

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